Babéis de blocos que se elevam para os céus,
futilidade a arder em chamas junto ao chão;
sobre cada tijolo ou pedra um fungo mau;
lâmpadas a oscilar e luz na escuridão.
Por sobre rios de óleo hediondas pontes negras,
cabos que em profusão de redes se entretecem;
profundezas de caos cuja desordem mana
fluxos que, à luz do sol, fétidos apodrecem.
Esplendor e matiz, doenças e decadência,
uivos, gritos, clamor e um rastejar insano;
exóticas ralés orando a estranhos deuses;
misturadas de odor que à mente causam dano.
Legiões de gatos que das vielas noturnais,
furtivos, a gemer para o clarão da lua,
plangendo dos jardins de Pluto a cantilena,
exprimem o futuro em gritos infernais.
Compridas torres e pirâmides ruinosas,
vôos de morcegos sobre ruas que a erva esconde,
pontes nuas de Arkham erguidas sobre rios
que fluem em silêncio enquanto essa horda ronde.
Campanários que mal se sustentam ao luar,
bocarras de antros pelo musgo recobertas;
e, para responder ao vento e à água, só os gatos
que vagueiam, a miar, tais paragens desertas.
Fonte: O Arquivo de Renato Suttana
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