Não, não é o dente que dói.
Não, o motor não incomoda.
Não me doem os dentes
mas quem morde.
Nunca o que dói é o aparente
senão o outro, de outra ordem
o oculto na cárie da vida, o tártaro
dos ossos ,
na intempérie incisiva da dentadura mole.
Nunca o que dói, doutor,
é o que fazem as máquinas,
senão
o humano dessas brocas
os buracos
da alma.
Ponha ouro, doutor,
e seja lá o que possa
morder o dente, ávido de amor,
a conta, ao fim, é nossa.
Fonte: Jornal de Poesia
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