Gil T. Sousa - Horas

só estas horas
me tocam de infinito

o tempo
parado na fenda dos dias

a voz
subindo a rebeldia do corpo

somos água
transbordamos de silêncio

no desassossego
no caos da raiz que nos inventa

infimamente
divisamos o mundo

e escolhemos
o melhor abismo

tu és
a minha escarpa

o segundo
que me demora

o cair
nas estrelas

não te esfumes
não pereças

nos urbanos
jardins

que me sufocaram
o sonho

sustenta o canto
que me chama

até ti
como uma corrente

e deixa-te
fundir no éter

como se uma luz
nos escrevesse o nome

numa impossível
escuridão

Fonte: falso lugar

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